terça-feira, fevereiro 20

Lisboa: Recantos III



No mais interno fundo das profundas
Cavernas altas, onde o mar se esconde,
Lá donde as ondas saem furibundas,
Quando às iras do vento o mar responde,
Neptuno mora e moram as jucundas
Nereidas e outros Deuses do mar, onde
As águas campo deixam às cidades
Que habitam estas húmidas Deidades.

Os lusíadas (VI, 8)

Do Soberano dos Mares realizou, Joaquim Machado de Castro, em mármore de Carrara, em 1771, uma monumental estátua que representava o Deus dos Mares, de Tridente na mão, os cabelos revoltos e o olhar feroz, as vestes ondeando-lhe no vento tempestuoso, avançando sobre uma concha transportada por dois golfinhos e, no tom intimidatório do Tridente belicamente empunhado, o aviso a súbditos e inimigos. A estátua, destinada inicialmente a encimar o Chafariz do Loreto, situado sensivelmente onde hoje se encontra a entrada para o Metro junto à Brasileira, iria ser removida com a demolição do mesmo chafariz e sucessivamente depositada na Mãe de Água,no Museu do Carmo e no Depósito de Águas dos Barbadinhos. Encontra-se actualmente, e desde 1951, no Largo de D. Estefânia em Lisboa.



O Chafariz do Loreto numa ilustração de Charles Legrand (circa 1842)
(imagem pertence à Biblioteca Nacional de Lisboa)



Foto de Judah Benoliel, de 1951, já no Largo de D. Estefânia.
(Foto do Arquivo Fotográfico da Câmara Municipal de Lisboa)

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Numa noite de Inverno,



com as ideias obscuras,



andei à tua volta como quem procura o Norte



e só mais para baixo o vai encontrar,



lá para onde Prometeu uma ténue luz mostra aos rejeitados.

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