segunda-feira, abril 30

Paleografia Moderna VI



Será que se fizer a perna inteira oferecem barba?
E se depilar os pelos púbicos e as axilas oferecem as patilhas?

sábado, abril 28

Mstislav Rostropovich 27/04/1927 - 27/04/2007


Morreu Mstislav Rostropovich


Morreu a alma do violoncelo e com ela morreu um farol ético.
Morreu igualmente o homem que lutou pelas liberdades, que deu guarida a Alexander Soljenitsin e pagou por isso, o discípulo de Prokofiev e Shostakovitch, o intérprete musical da queda do Muro de Berlim, o companheiro de Boris Yeltsin quando as liberdades estavam em perigo, e com ele morremos todos nós um pouco.




sexta-feira, abril 27

Fotoreportagem: Comemorações do 25 de Abril ensombradas pela PSP


Tudo começou com uma velhota de cravos vermelhos na mão, símbolo de um tempo que sofreu e gostou da mudança, uma mudança para tempos mais livres, em que todos, sem excepção de cores, credos, religiões ou tendências podiam expressar as suas ideias, opiniões, gostos. À sombra do totalitarismo do Marquês de Pombal a mulher idosa ergueu um cravo, um cravo vermelho como o sangue de uma luta recortado contra o celeste e o branco de um ideal que se espelhava no céu.

E as gentes que passavam viram a mulher, juntaram-se, aplaudiram, congregaram-se em torno dela como um símbolo vivo de um país que vive oprimido sem o saber, ontem como hoje, inconsciente da sangria que os novos barbeiros lhe prescreveram para que recuperasse a saúde, de um povo que necessita de um estímulo para gritar, para se revoltar, para reagir e protestar. E a multidão cresceu ingente, ordeira, pacata, recordando sebásticamente tempos épicos de uma revolta passada e esperando um Messias redentor que a conduzisse a revoluções futuras.

Mas um grupo de provocadores chegou, com o uniforme da repressão vestido e caixas de tomates na mão. Era a memória antiga, de tempos em que autoridade significava repressão e se podia fazer o que se quisesse. Em que se introduziam elementos agitadores para melhor se reprimir.



E a multidão ordeira depositou um cravo sobre os tomates da repressão e desceu a avenida a protestar.



terça-feira, abril 24

Na vigília do 25 de Abril



«Trova do Vento que Passa»

Pergunto ao vento que passa
notícias do meu país
e o vento cala a desgraça
o vento nada me diz.

Pergunto aos rios que levam
tanto sonho à flor das águas
e os rios não me sossegam
levam sonhos deixam mágoas.

Levam sonhos deixam mágoas
ai rios do meu país
minha pátria à flor das águas
para onde vais? Ninguém diz.

Se o verde trevo desfolhas
pede notícias e diz
ao trevo de quatro folhas
que morro por meu país.

Pergunto à gente que passa
por que vai de olhos no chão.
Silêncio -- é tudo o que tem
quem vive na servidão.

Vi florir os verdes ramos
direitos e ao céu voltados.
E a quem gosta de ter amos
vi sempre os ombros curvados.

E o vento não me diz nada
ninguém diz nada de novo.
Vi minha pátria pregada
nos braços em cruz do povo.

Vi minha pátria na margem
dos rios que vão pró mar
como quem ama a viagem
mas tem sempre de ficar.

Vi navios a partir
(minha pátria à flor das águas)
vi minha pátria florir
(verdes folhas verdes mágoas).

Há quem te queira ignorada
e fale pátria em teu nome.
Eu vi-te crucificada
nos braços negros da fome.

E o vento não me diz nada
só o silêncio persiste.
Vi minha pátria parada
à beira de um rio triste.

Ninguém diz nada de novo
se notícias vou pedindo
nas mãos vazias do povo
vi minha pátria florindo.

E a noite cresce por dentro
dos homens do meu país.
Peço notícias ao vento
e o vento nada me diz.

Mas há sempre uma candeia
dentro da própria desgraça
há sempre alguém que semeia
canções no vento que passa.

Mesmo na noite mais triste
em tempo de servidão
há sempre alguém que resiste
há sempre alguém que diz não.



As mãos
Com mãos se faz a paz se faz a guerra.
Com mãos tudo se faz e se desfaz.
Com mãos se faz o poema – e são de terra.
Com mãos se faz a guerra – e são a paz.

Com mãos se rasga o mar. Com mãos se lavra.
Não são de pedras estas casas mas
de mãos. E estão no fruto e na palavra
as mãos que são o canto e são as armas.

E cravam-se no Tempo como farpas
as mãos que vês nas coisas transformadas.
Folhas que vão no vento: verdes harpas.

De mãos é cada flor cada cidade.
Ninguém pode vencer estas espadas:
nas tuas mãos começa a liberdade.


Manuel Alegre

segunda-feira, abril 23

Espaço ecuménico

Não sou republicano, não sou laico, não sou socialista e se calhar até sofro da próstata mas tenho, ao contrário de KIM IL SOARES, candidato a presidente da Coreia do Norte, uma vocação ecuménica que me levou a albergar no templo do meu blog, um espaço, por pequeno que seja destinado a confissões religiosas minoritárias. Assim, hoje dedicamos este espaço a um culto regional: a

IGREJA DA ORDEM BANANEIRA DAS ÚLTIMAS ELEIÇÕES


cujo profeta e sumo pontífice, longe das temáticas sanitárias que costumam ocupar os seus acólitos, deu ontem uma brilhante interpretação da DIVINA PROVIDÊNCIA e das Suas acções.



Alberto João Jardim marcou o arranque da campanha para a sua reeleição para o Governo Regional da Madeira com criticas a José Sócrates, afirmando que a recente polémica por causa do percurso académico do primeiro-ministro é um "castigo divino pelo mal que está a fazer à Madeira e aos portugueses". A estratégia eleitoral de João Jardim passa por desvalorizar os seus adversários directos às eleições regionais antecipadas de 6 de Maio, para centrar os seus ataques no primeiro-ministro.
"Nosso Senhor não castiga nem com paus nem com pedras. Ele [José Sócrates] quis fazer mal a tanta gente que agora está a ser castigado”, disse na Camacha o presidente demissionário do Governo Regional da Madeira.

sexta-feira, abril 20

Mea culpa

Venho aqui penitenciar-me por ter duvidado da veracidade das habilitações de José Sócrates. Fontes bem informadas fizeram-me chegar via mail a prova provada de que não tinha razão. Por essa razão, batendo no peito, arrepelando as melenas, aspergindo o bestunto de cinzas, rasgando as vestes e lançando aos ares procurando com meu carpir atingir o perdão da divina providência, venho aqui publicamente professar um magno

MEA CULPA

publicar a prova da minha insolência e da minha falta de razão.

quinta-feira, abril 19

Rodrigo: grande cartoonista

A edição on-line do semanário «O EXPRESSO» publica diariamente um cartoon de Rodrigo. De excelente qualidade gráfica e humor fino e mordaz, os cartoons de Rodrigo habituaram-me a uma primeira risada matutina antes de ir à casa de banho lavar as fuças, a pianola e tentar passar um pente nesta massa desgrenhada a que chamo cabelos. É uma espécie de ritual propiciatório que me dispõe bem para mais um dia de trabalho cinzento. E hoje não foi excepção a não ser por via da gargalhada soltada ter sido mais prolongada e o tom mais sonoro. E eis o porquê:



Obrigado Rodrigo

terça-feira, abril 17

The Children of Hurin



Passaram mais de trinta anos sobre a morte de Tolkien e o filão ainda brota. Muito haveria ainda a publicar se a editora detentora dos direitos para Portugal o decidisse fazer. Contudo, não vim aqui para bater na Europa-América (muito embora tivesse motivos para o fazer) mas para saudar a edição portuguesa de The Children of Hurin que a editora lançou hoje no mercado. Ainda não tive ocasião de o ler pelo que me vou abster de o comentar (apenas tive acesso a excertos na net) mas espero fazê-lo brevemente. As ilustrações são de Alan Lee o que, só por si, é uma garantia de qualidade.






segunda-feira, abril 16

Elegia do Intendente



Olhos verdes, pele bronzeada por gerações de nomadismo, cabelos louros pintados compridos sobre carnações pujantes. Por detrás do balcão serves, olhas, danças, mostrando uma deliciosa barriga e o oval perfeito do rosto a emoldurar condignamente um bem balanceado ondular dos seios refreados por uma camisola de malha preta justa ao torso. As calças justas moldam um corpo de jovem potra de olhar profundamente insondável onde se revela a graça de um trote como o remanso de um palheiro. Quantas vezes te vejo passar rápida, sumarentemente moldada na luz da porta por onde se entra neste tugúrio. Discreta na tua pujança atravessas a sala e lanças insolente um olhar onde a tudo se alude e nada se diz. De repente, pedes lume. Dou-te lume e aproveito para acender o meu cigarro sem que os nossos olhares se cruzem na sensual e mística sublimação de dois corpos que se analisam. Os lábios carnudos deixam ver um pouco dos dentes. Passas dançando num cadenciado ritmo bamboleante e logo te detens admirando, como uma criança, o efeito que causaste. Vens limpar a mesa em frente a mim, a camisola sobe revelando a suave curvatura de dois sulcos que te ladeiam a coluna perdendo-se na cintura generosamente baixa. Olhas e indagas num curioso convite ou num convite curioso. Levantas os braços e prendes melhor os cabelos que recolheras num fulgente e ondulado rabo de cavalo. Depois, dirisges-te à porta e danças. A pauta esgueira-se em curvas num quase imperceptível menear de quadris. E afinal tudo dura o átomo infindável de uma ilusão. A luz recorta-te o corpo na moldura da porta. Giovanni passa. Hoje orna a sua reluzente careca com um par de calças normais; porém, o teu ar de alien alheado mantem-se enquanto te diriges à minha mesa olhando gulosamente para a minha bolsa de tabaco. Coloco a caixa de mortalhas sobre a bolsa numa oferta tacitamente aceite. enrolas e sais sem dizer palavra. Chegando ao pé da porta, voltas para trás e pegas no isqueiro, acendes e voltas a poisá-lo sem fazer barulho. Depois eclipsas-te e de por hoje bastar-me-ão as tuas neuróticas e apressadas fugas nervosas ao longo da Rua do Bem Formoso. De costas para o balcão que se interpõe entre nós, absorta em qualquer tarefa obscura, observo-te a nuca onde uma penugem faz sombra, juntamente com alguns cabelos mais curtos que se escaparam ou qaue não conseguiste apanhar.
De longe a longe, a espaços, as mais estranhas toilettes sucedem-se num desfilar de tristes figuras de que prefiro alhear-me. Depois, acende-se o ritmo endiabrado de um Lee Scratch Perry e o pulso parte veloz ao galope como o teu corpo por trás do balcão finda que foi a tarefa de contar conscienciosamente um frasco de plástico repleto de moedas. Depois, o patrão veste o casaco e sai com o rosto sombrio que sempre lhe conheci. Um rosto de singalês de hábitos pelintramente azeiteiros como o da velha publicidade à Peugeot. O ar torna-se mais respirável, seguramente as curvas bombeantes de um bom baixo reggae foram salutares para a renovação da atmosfera. Giovanni aparece e olha, depois sai nervosamente apressado e sem destino. O patrão retorna e pede-te que me venhas pedir o isqueiro emprestado para enrolar uma broca na silenciosa hostilidade de quem, arvorando um sorriso sarnosamente manhoso, não é capaz de esconder o facto de não suportar a minha presença. Sabe que o desprezo e que me dá um gozo infinito chegar e, sentado, começar a escrever. Entretanto, vou fazendo a média de um café de duas horas e meia em duas horas e meia. Saber que isso te enfurece e que és suficientemente verme para estares calado é uma lição sobre a baixeza do ser. O teu sócio, sacana e inteligente em superior proporção, esconde-se atrás de um enigmático sorriso de esfinge. Tu, alheia aos ódios e velhos rancores de quem se enganou a considerar um cliente como certo e se viu desiludido nos consumos esperados, continuas na tua ondeante azáfama tentando demonstrar com o serviço o que não consegues com uma caixa que persiste em permanecer frugalmentwe recheada. De vez em quando, o teu olhar volta-se, inquiridor e felino como predador/presa que a caça busca. Sais por momentos para ires comprar comida feita que comes apressadamente na ânsia de satisfazer o apetite do corpo jovem e farto. Dá gosto ver-te comer, mastigando depressa, com as covinhas do rosto aos saltos. Já acabaste e agora rebolas-te à luz do sol que te recorta na moldura da porta a graça ondeante de jovem fémea.
Mantorras, que assim te chamam sarcásticos os que todos os dias contigo palmilham a Rua do Bem Formoso, foi a casa do irmão e negociou a barrela quinzenal por uns fartos litros de vinho do discount. Ei-lo que passa, lavado, com um malhão de lã imaculadamente branco, uns jeans lagos e o sebento chapéu de lona que sempre lhe conheci. Não vai só porém, na mão leva a tinta companhia de um tijolo. Pouco depois comparece a galeria sexual do bizarro sob as formas de um jockey mamalhudo. Entra, olha em redor e sai com o passo bamboleante de anã. Depois o momento interrompe-se com a audição de Stop that train em versão dub e logo se volta à pureza de um Peter Tosh com a rudeza de um Johnny be good. As meninas nigerianas ouvem-se ao longe com o seu gralhar pitoresco. Depois entra o solo de guitarra e vejo-me preso nas evoluções para logo ser interrompido pela voz de Tosh que me retorna a uma realidade feita de rude brutalidade quotidiana e solos de guitarra. Vejo, com divertida surpresa, que desde a última rusga da polícia afixaram um icónico e colorido Proibido fumar charros e que, ao abrigo das leis sobre a acessibilidade, o fizeram acompanhar da mensagem escrita. Lembro-me dos ingleses olhando, do Tejo, uma Lisboa reconstruida em cénicas fachadas atrás das quais se escondem os escombros do terramoto e penso no que tudo isto tem de ilusório.
E o circo recomeça, no seu vaivém apressado de gente que sobe e volta a subir as mesmas escadas com a mesma pressa e diferentes mãos que as empurram por trás. Outros recolhem placidamente os proventos com que fazem apostas à bola no bilhar do salão de jogos da esquina.
Um subúrbio de Kingston implantado no seio de Lisboa onde se vê a brutalidade de uma vida que não escolhe continentes. E o reggae continua com a dureza de um sofrimento e de uma discriminação. Os excluídos passam por aí num vaivém que, melancólico e triste, observo e registo...

Ainda o novo cartaz do PNR

Pois é, quem passar pelo Marquês de Pombal vai deparar com o espectáculo de doze imbecis do PNR em atitude vigilanto-caceteira ao novo cartaz da obscenidade a que chamam partido.
Pelos vistos e se Portugal precisasse de vós não havia necessidade de reacções trauliteiras e intimidatórias. Ou será apenas a loucura dos vossos fuhrer de meia tijela a precisar de vós? Em que é que ficamos?












domingo, abril 15

O Novo Cartaz do PNR



As ideias não se apagam, discutem-se!


E eis como uma afirmação, que gozaria da unanimidade num meio de seres humanos civilizados na plenitude das suas faculdades mentais e racionais, não deixa de me causar uma certa perplexidade quando vem da boca de quem vem. E isto por dois motivos:

a) Coloco sérias dúvidas no que toca à existência de ideias na cabeça dos meninos de coro com couro dos rapazes forçudos do PNR. Sempre me lembro de ouvir dizer uma frase de sabedoria popular: Quem tem força puxa uma carroça!. Sempre me senti indignado por essa afirmação. O asno era um bicho simpático que me habituara a estimar desde pequeno na figura do asno do moleiro bêbedo que tantas vezes me carregara sentado em cima das taleigas encosta acima. Não demostrava ele receios, caprichos, afectos, tentações, anseios quando subia no seu dorso a longa e íngreme calçada em dias de verão, por entre o nervoso do passo miudo e o resvalar do casco na caruma seca contra o granito polido das pedras do chão. Por isso te respeito enquanto bicho simpático e inteligente, com orelhas felpudas e olhos ternos, e é por respeito a este sentimento que a mim te liga que por aqui não irei entrar. Por te reconhecer, embora com a redução devida à tua condição animal, capacidade racional, relaccional e emotiva como ocorre com os seres humanos racionais. O que nos leva a uma velha questão: a ideia. Não iremos aqui definir a questão de ideia porque muitos e melhores do que nós já antes o fizeram, e porque sempre me disseram que quando se discute com alguém é conveniente e de bom tom modificar a complexidade da expressão pelo que se torna bastas vezes legítimo o simplificar dos conceitos envolvidos. Explicada que está a ausência de correntes filosóficas no presente texto, poderíamos definir ideia como elemento ou conjunto de elementos que, de per si ou reunidos de acordo com determinados parâmetros, de forma simples ou elaborada, são detentores de um breve vislumbre de racionalidade.
Como os senhores do PNR certamente se aperceberão, uma tal definição exclui-os de todo e possibilidade de em vós poder refugiar abrigo, mesmo que passageiro e provocado por alguma corrente de ar, alguma ideia. Deviam deixar crescer um pouco o cabelo certamente. Mas para isso era necessário que se lembrassem da política de fixação de solos de D. Dinis com a plantação do pinhal de Leiria que se aprendia antes na quarta classe. Devo estar a ficar velho porque já ninguém se lembra disso. Não que eu seja preconceituso com skinsheads. Antes pelo contrário. Lembrar-me-ei das longas noites de debate político no Espace 68 da Université Michel de Montaigne (EX-Bordeaux III) quando, numa mesma sala em auto-gestão, partilhada pelos vários grupos de esquerda se podia ter uma boa biblioteca de Ciência Política como humanista. Onde se discutiam ideais e se falava de Thoreau, de Bakhunin, de Proudhom, de Marx, de Mao e de Kropotin, de Victor Hugo como de Renato Curzio. Numa mesma sala coo-habitavam e discutiam ideias pessoas das mais variadas tendências, de forma mais ou menos ordeira mas sempre numa base de paridade e de respeito. Entre eles estavam vários skinheads ligados ao movimento SHARP, outros mais vermelhos ligados a movimentos anarquistas e anarco-comunistas. Com eles tive longas e acesas discussões pois eram gente com um pensamento estruturado e com cultura política e convicções profundas. E que dizer do Vasco, punk atípico vegetariano e terno com a graça de um coice de mula, e do Claudio, velho companheiro e fiel amigo de danças e andanças de e per strada das noites de Roma, Florença, Bratislava, Bolonha, Salerno, Nápoles, Procida, Milão, Praga, Pistoia. Não me move o preconceito contra os cabeças rapadas mas o devido respeito à racionalidade básica presente em algo de um direito natural tão linear como um Não Matarás! E é chegados a este ponto que a questão da discussão se esbate e se entra no ponto dois.

b) Que questão da discussão pressupõe a existência de ideias e de interlocutores válidos para o fazer já foi atrás demonstrado; no entanto, e partindo do remoto e académico princípio de contradição, vamos aqui colocar a hipótese retórica de ser esse o vosso caso. Lembro-me do meu caro e saudoso amigo Valerio Costa me dizer muitas vezes, por entre os bosques de Trento, que a civilização e a História começaram no dia em que alguém se decidiu a substituir a clava pela palavra. A ideia de discussão de ideias num ambiente de não-violência, de respeito e de paridade entre interlocutores era uma marca civilizacional de primeira grandeza. Era a marca! O intelecto substituia-se ao primarismo instintivo, o diálogo à brutalidade e à agressividade. E também neste campo perdeis e inviabilizais qualquer diálogo ou discussão. Não respeitais o próximo e apenas sabeis agredir com sanha de predadores cobardes. Como as hienas, em grupos alardemente alarves haveis morto gente em imbecis rituais de violência gratuita, matastes, cobardemente a coberto da noite e do grupo, Alcino Monteiro, o Zé da Messa e tantas outros, baseais a vossa identidade no culto da força e não no da razão sem terdes por isso a coragem e a nobreza de um caçador que caça solitário abertamente à luz do dia, soides parasitas e insultais o próprio sistema democrático com a Vossa existência. A Vossa própria existência enquanto partido político é obscena porque amoral, como imoral se torna um sistema que vos conceda qualquer possibilidade de existência legal.

E aqui seguem exemplos do vosso tipo de discussão:



Este é o José Pinto Coelho que não conseguiu acabar a Crinabel

sábado, abril 14



Este é o Francisco Louçã que não conseguiu acabar o seminário


Este é o Marques Mendes que não cresceu o suficiente para acabar os estudos


Este é o José Sócrates que só conseguiu acabar os estudos na independente


Este é o Aníbal Cavaco que não acabou os estudos