sexta-feira, abril 27

Fotoreportagem: Comemorações do 25 de Abril ensombradas pela PSP


Tudo começou com uma velhota de cravos vermelhos na mão, símbolo de um tempo que sofreu e gostou da mudança, uma mudança para tempos mais livres, em que todos, sem excepção de cores, credos, religiões ou tendências podiam expressar as suas ideias, opiniões, gostos. À sombra do totalitarismo do Marquês de Pombal a mulher idosa ergueu um cravo, um cravo vermelho como o sangue de uma luta recortado contra o celeste e o branco de um ideal que se espelhava no céu.

E as gentes que passavam viram a mulher, juntaram-se, aplaudiram, congregaram-se em torno dela como um símbolo vivo de um país que vive oprimido sem o saber, ontem como hoje, inconsciente da sangria que os novos barbeiros lhe prescreveram para que recuperasse a saúde, de um povo que necessita de um estímulo para gritar, para se revoltar, para reagir e protestar. E a multidão cresceu ingente, ordeira, pacata, recordando sebásticamente tempos épicos de uma revolta passada e esperando um Messias redentor que a conduzisse a revoluções futuras.

Mas um grupo de provocadores chegou, com o uniforme da repressão vestido e caixas de tomates na mão. Era a memória antiga, de tempos em que autoridade significava repressão e se podia fazer o que se quisesse. Em que se introduziam elementos agitadores para melhor se reprimir.



E a multidão ordeira depositou um cravo sobre os tomates da repressão e desceu a avenida a protestar.



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