segunda-feira, junho 11

Incongruências bacocas (ou talvez não)

Muito se tem falado da localização do novo aeroporto de Lisboa. Durante o consulado cavaquista de má memória as hipóteses eram a Ota e Rio Frio, mais recentemente as atenções voltaram-se para o Poceirão. De um lado a Ota oferecia a possibilidade de ateragem a hidroaviões quando estivesse alagada, po outo lado o Poceirão iria permitir criar postos de trabalho aos que fossem remover as areias do deserto da pista. Depois houve um ministro que embirra com populações saharianas e que, lembrando-se do tempo em que Marrocos foi protetorado francês disse:

JAMAIS! JAMAIS! JAMAIS!.

Depois lá emendou a mão dizendo que a hipótese da margem sul era de desprezar por se tratar de uma zona de rotas migratórias e todos ficamos com a ilusão que, numa próxima remodelaçãop poderia ser ministro do ambiente. E tudo por causa da atenção para com os passarinhos (para quem não se recordar são aqueles bichinhos que fazem os ninhos com mil cuidados). Entretanto a CIP apresenta um estudo em que defende a reconversão do Campo de Tiro de Alcochete em novo aeroporto. Para além de não deixar de ser curioso o facto de aqueles que podem vir a ganhar com a construção virem apresentar um novo estudo, o mais caricato é o facto de Carlos Borrego (foi aquela espécie de ministro do ambiente do consulado cavaquista) ser um dos principais subscritores do estudo. Ora, se a memória ainda existe neste país, o campo de tiro de Alcochete tem vindo a ser contestado desde há muito tempo em virtude de se encontrar junto da Reserva Natural do Estuário do Tejo (a mesma de onde "descolam" as tais rotas migratórias que seriam a causa de não se construir no Poceirão). E logo aparece o Cameleiro lino a dizer que é um caso a pensar. Em que é que ficamos? Poceirão não por via dos passarinhos, Ota sim apesar do impacto ambiental sobre a zona da Serra de Aires e Candeeiros, Rio Frio não por via da desertificação e da especulação imobiliária e Alcochete talvez apesar de confinar com a Reserva Natural do Vale do Tejo. E onde param as nobres intenções ambientalistas de Mário Lino e Carlos Borrego? Ou será que tudo isso é fogo de artifício para deitar areia para os olhos do contribuinte pagante?
De qualquer forma e esperando uma resposta a estas interrogações (embora saiba que nunca as obterei) aqui deixo uma visão da área onde agora pretendem fazer um aeroporto.




E, já agora, uma imagem dos passasarinhos que por ali migram e nidificam.



E a seguinte dúvida, o que acontecerá se for ali feita um aeroporto? E se um flamingo for sugado pelas turbinas de um avião?

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